quarta-feira, 24 de abril de 2013

Maldita tecnologia


Antes de me chamarem de saudosista (que eu não sou), o título é só uma brincadeira! Eu adoro inovações tecnológicas. A minha crítica fica por conta das pessoas que não sabem usá-las ou que as usam em excesso, invertendo os valores das coisas.

Falarei de música, então. Eu acho muito ridículo ver atualmente em todos os shows aquele bando de câmera ligada o tempo todo filmando o espetáculo. Não consigo entender. Eu, particularmente, adoro ir a shows (gasto grande parte do meu dinheiro com isso - hahaha). E o que eu acho mais fantástico num show é a oportunidade de ver um artista que gosto tocando ou cantando ao vivo, ali perto, com aquele som alto, feito na hora, que é completamente diferente de escutar uma gravação. É uma coisa de momento que só quem estiver ali vai vivenciar.

Mas hoje em dia, em que qualquer camerazinha ou celular grava vídeos, muita gente parece achar que registrar o que está vendo é mais importante do que aproveitar o momento em si. E aí tem gente que passa o show inteiro se preocupando com filmagens e fotos, vendo tudo através de um visorzinho digital tosco apesar de ter os artistas ali a alguns metros de distância para serem apreciados. E tudo isso pra depois poder "ver de novo" em casa (ou pra mostrar que estava lá), geralmente com som ruim e imagens tremidas. Tem gente que deixa pra gravar a "música favorita". Po, na minha música favorita o que eu menos quero estar fazendo é filmando ou deixando qualquer outra coisa me distrair!

Pra ficar claro, não vejo nada errado em levar uma câmera para um show com o objetivo de bater algumas fotos, ou filmar alguns minutos pra ter de "recordação". O problema é quem passa o tempo todo fazendo isso. E também tem a questão da falta de critério com a qualidade do registro. Quando entro no Youtube pra procurar vídeos de algum show, literalmente tenho que "garimpar" pra achar os que tem áudio decente. Tem gente que faz vídeo com o som completamente estourado, uma barulheira do cacete, e ainda assim tem a cara-de-pau de fazer o upload, como se estivesse bom. É muita falta de noção...

Outra coisa que tem acontecido de ruim na música com a tecnologia dos últimos anos é diminuição da importância dos álbuns por causa dos arquivos MP3 e da conexão de alta velocidade.

Não estou dizendo que não baixo álbuns ou entrando na questão legal da coisa (isso é assunto pra outro dia). Nem estou falando do disco como um produto físico. Mas hoje é muito fácil baixar álbuns completos ou até mesmo a discografia toda de um artista em questão de minutos. Ficou muito "fácil". Então, muita gente não aprecia um álbum como deve ser feito. Ele não é um produto feito para se ouvir uma vez superficialmente e já se formar uma opinião a respeito dele, como muita gente faz. Antigamente, você tinha que comprar um disco e ouvi-lo várias vezes até comprar outro ou esperar que o artista lançasse um trabalho novo. Hoje a galera descobre uma banda, baixa tudo que existe dela e quer ouvir 5 álbuns diferentes no mesmo dia (alguns nem ouvem as músicas inteiras), ao invés de conhecê-la disco a disco. Não percebem os detalhes do som, as características de cada trabalho, não conseguem diferenciar as músicas. Ou então apagam tudo e ficam só com os "hits" pra ouvir no ipod. É uma audição extremamente superficial. Não se "degusta" o som nem se conhece a fundo.

Bom, eu prefiro descobrir 12 álbuns bons num ano e ouvir um por mês com calma, conhecendo todas as músicas e repetindo-os várias vezes, do que ouvir centenas deles e no fim das contas nenhum ter me marcado ou se tornado importante pra mim...

Fui!
E. Marcolino

segunda-feira, 1 de abril de 2013

"Rock of Ages": decepção total


Neste sábado, finalmente aluguei "Rock of Ages", o musical baseado nas bandas de hard rock dos anos 80, lançado ano passado. Como fã confesso do glorioso "hard rock farofa", eu estava há algum tempo na expectativa de assistir ao filme, que se passa em Los Angeles e tenta retratar a música e o ambiente da época.

Enfim, o filme é ruim. Na verdade "ruim" é bondade demais. É péssimo. Dispensável. Tá certo que é um musical, e que faz parte do estilo o enredo clichê, a história óbvia, os diálogos bobos. Beleza. Mas, mesmo levando isso em consideração, o resultado é tosco. Tão tosco que o filme chega a passar a impressão de que foi feito pra ser uma sátira aos musicais (assim como "Todo Mundo em Pânico" está pra filmes de terror ou "Não é Mais um Besteirol Americano" pra comédias). Mas não é (eu acho). Até porque seria uma sátira bem sem graça, se fosse o caso.

Pra começar, os personagens principais (a garota que vem do interior pra ser cantora e o garoto que sonha em ser rockstar) são chatos e não têm carisma. A história, que podia ser facilmente contada num filme curto, se arrasta por quase duas horas sem qualquer coisa pra prender a atenção ou gerar curiosidade. E Tom Cruise conseguiu a proeza de ter feito provavelmente o pior personagem de sua carreira: o roqueiro Jacee Stax, vocalista de uma banda famosa, que vive no seu próprio mundo sem ter noção do que acontece em volta, drogado, bêbado, pegando qualquer mulher que vê pela frente e sem conseguir falar qualquer frase que faça sentido. Outro personagem sem qualquer carisma, que foi feito pra ser engraçado e ficou só irritante.

Pra não dizer que o filme é perda total, a trilha sonora é divertida pros fãs de hard rock. Com um estilo definido, não tinha como errar, né? Tem Whitesnake, Foreigner, Def Leppard, Warrant, Twisted Sister, Journey, Poison, etc. Clássicos do hard farofa e do AOR. Mas vale ressaltar que as músicas são altamente prejudicadas pelas vozes excessivamente "maquiadas" em estúdio, pelas coreografias mal feitas e por alguns "mashups" que não deram certo. Não empolgam.

Resumindo, um filme altamente tosco. Impressiona como consegue ser tão ruim mesmo reunindo ótimos atores (Tom Cruise, Alec Baldwin, Catherine Zeta-Jones). Até mesmo o Russell Brand, já consagrado com papel de roqueiro em outros filmes ("Forgetting Sarah Marshall" e "Get Him to the Greek") fica apagado.

Gosta de hard rock e quer ver um filme desse estilo? Pois esqueça "Rock of Ages" e veja novamente "Rock Star" (aquele com Mark Wahlberg, que tá sempre reprisando na tv). Vale mais a pena, mesmo se você já tiver visto várias vezes.

***

E pra completar a tosqueira do dia, ao terminar de ver o filme, colocamos a tv no Multishow pra ver o que estava rolando no Lollapalooza. Foi assustador: tinha um cara cantando TUDO muito desafinado. Mas não bastava ser desafinado. Era desafinado, em falsete e com a voz falhando. Grotesco! Passei alguns minutos vendo aquilo pra tentar entender do que se tratava, até descobrir que a banda era o Flaming Lips (já havia ouvido falar, nunca havia escutado). Apesar de achar até que tinha algo interessante no instrumental, os poucos minutos que vi já definiram a pior performance vocal que eu ouvi num show "sério". Sinistro...

Abraços!
E. Marcolino