quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Dificuldades das facilidades modernas

Cada vez me impressiono mais como é real o tal "paradoxo da escolha" e como isso fica claro com a evolução da tecnologia. Quanto mais opções temos, mais complicadas ficam as escolhas, com uma sensação de insatisfação por deixar de lado todo o resto que estava disponível.
Abro o Netflix e tem tanta coisa que me interessa que sou capaz perder meia hora só vendo as opções. Entro no Youtube e tenho dezenas de shows e vídeo-aulas de guitarra que estão lá na minha lista, sempre quis parar pra ver e nunca vi (ou ouvi "mais ou menos", enquanto fazia outras coisas). Entro no Spotify, pior ainda... Não sei nem por onde começar e sei que ali tem mais coisa que eu gostaria de ouvir do que eu teria tempo na minha vida inteira pra isso. De qualquer forma, acabo sempre me arrependendo de gastar tanto tempo nessa escolha ao invés de ir direto ao ponto e ter mais tempo pra aproveitar tudo, afinal.
Nunca gostei de saudosismo anti-tecnologia e tô eu agora mandando esse "papo de velho", mas às vezes dá saudade dos tempos em que eu comprava no máximo meia dúzia de CDs/DVDs e sabia que teria aquilo pra ver e ouvir com atenção nas semanas seguintes. E tudo prestando atenção de verdade, sem estar ao mesmo tempo tentando acompanhar centenas de mensagens no Whatsapp, rodando aleatoriamente o Facebook, checando email, etc.
A acessibilidade a informação e a mídias tá aí para o bem e para o mal. E sinceramente parece cada vez mais difícil ter foco e saber aproveitar o lado bom.

terça-feira, 22 de novembro de 2016

Dia do Músico e Dia do Mimimi

Primeiro, FELIZ DIA DO MÚSICO para todos os meus amigos músicos! E quando falo isso me refiro a todos que praticam a arte da música, seja profissionalmente, tocando em banda por hobby, ou até mesmo tirando um som em casa de vez em quando.

Mas infelizmente o que mais vejo todo ano nessa data em redes sociais é uma choradeira geral, principalmente de músicos profissionais, cobrando "mais valorização", "mais respeito", "maior apoio" (de quem??), como se fosse um grandíssimo sofrimento ouvir a tradicional pergunta "mas você trabalha com o quê?" e coisas desse tipo.

Galera, quem escolheu a música como profissão não pode ficar agora fingindo que não sabia das dificuldades! É um mercado complicado, assim como vááários outros. Tem mais gente querendo viver de música do que gente diposta a pagar por música. Ou seja, a demanda é pequena e a competição é grande. E aí, amigo, quem resolveu viver disso que aceite as dificuldades do mercado e a realidade em que vivemos.

Hoje em dia não tem mais venda de CDs, o rock autoral tá desvalorizadíssimo (concordo), é mais barato pros bares/pubs contratarem um DJ do que uma banda (óbvio!), você concorre com gente que toca de graça pra se divertir (não tem nada de errado nisso), bandas "de garagem" fazem gravações caseiras e não pagam profissionais de estúdio, etc. etc. etc...

Mas TODO MUNDO SABE DISSO e a realidade é essa há anos. Então parem de se vitimizar e tentem SE VALORIZAR por conta própria. E quando digo "valorizar", não significa só tocar bem, e sim encontrar seu lugar no mercado. Não adianta ser o melhor sambista do mundo num lugar em que todos ouvem heavy metal. Não adianta querer dar aulas de clarinete se os adolescentes querem aprender a tocar baixo e guitarra. E por aí vai.

Esse mimimi todo não ajuda em absolutamente nada. Ninguém vai te contratar por causa disso. Na verdade, pra cada grupo de músicos se lamentando por falta de oportunidades em rede social, tem algum que tá correndo atrás dos seus objetivos com mais inteligência e achando seu espaço, seja dando aulas, tocando com outros artistas, encontrando os estabelecimentos onde as bandas são bem pagas, enfim, sendo eficiente de alguma forma.

E isso sem contar a falta de noção e auto-crítica... O que vejo de "músico profissional" que só sabe o básico de harmonia, guitarrista que mal afina um bend, vocalista que canta fora do tom, etc. é vergonhoso.

Ninguém tem que te "apoiar", bares não precisam ter música ao vivo se não quiserem, o governo não tem obrigação de bancar músico com dinheiro público, pessoas não precisam contratar bandas pra fazer festas, nada disso! As pessoas consomem o que querem por vontade própria e pagam por serviços que julgam que valem o preço cobrado. E é assim que o mundo funciona.

Pra quem quiser ficar batendo a cabeça na parede e achando que o mundo vai mudar com suas lamentações, lembrem-se que ninguém vai ter pena da pessoa que quiser vender enciclopédia em tempos de Google.

E. Marcolino