segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Mimimi do metal

Há muitos anos não acompanho o "mundo do heavy metal", só fico sabedo de algumas coisas por alto. Escuto meus discos favoritos do estilo eventualmente e não costumo correr atrás de coisas novas.

Essa semana tava ouvindo rádio e começa um metal que eu nunca tinha escutado antes e logo me chamou a atenção. Atual, muito bem tocado e gravado, com arranjo bem feito e sem firula tocando NO RÁDIO?? Caraca, eu nem sabia que isso existia. Fiquei esperando pra saber de quem era a música e a resposta tá aí: Avenged Sevenfold. Banda que eu já tinha visto pedaço de show pela TV (acho que no Rock in Rio) e tinha achado muito boa, mesmo não sendo minha praia.

E aí deu aquele bug na minha cabeça mais uma vez: o Avenged não é a banda que a galera "true" despreza tanto e acusa de ser "poser", "modinha", etc? Por que isso? Só porque os caras não têm mais de 50 anos, não fazem o estilo cabeludo/barbudo malvado, ou não são mais uma cópia mal feita do Iron Maiden ou de alguma banda clássica que parou no tempo??

Porra, os caras são talentosos pra cacete, tão tocando na rádio, fazendo um monte de adolescente curtir heavy metal, com músicas muito bem feitas (pelo que já ouvi), e tem gente que tá reclamando?? Fala sério.

Fosse o Judas Priest ou qualquer banda antiga lançando uma música assim, os fãs iam estar chamando de "genial", "moderno", "chuta bundas" e tudo que tem direito.



terça-feira, 1 de julho de 2014

Cabeças-de-chave: e a FIFA estava certa?

Quando divulgaram a lista dos cabeças-de-chave desta Copa, rolou muita polêmica e muita reclamação. Eu mesmo achei um absurdo. Pela primeira vez o ranking da FIFA seria usado para definir os oito cabeças-de-chave do mundial. Onde já se viu Colômbia, Suíça e Bélgica serem cabeças num torneio com seleções muito mais tradicionais como Itália, França, Inglaterra e Holanda???

Sem entrar no mérito de como é feito o tal ranking (que tem lá seus critérios e eles lá da FIFA que se entendam), já dá pra fazer uma análise e perceber que muita gente quebrou a cara (eu me incluo nessa) e até agora os resultados têm dado razão a esse sistema. E aí vão alguns dados que levantei:

- Dos 8 cabeças, 7 se classificaram pra segunda fase. Só a Espanha (atual campeã e que não era contestada nessa questão) rodou na fase de grupos.

- Dos 8 cabeças, 5 se classificaram em primeiro lugar, sem terem perdido nenhum jogo.

- No dito "grupo da morte", passou em primeiro lugar a surpreendente Costa Rica. E duas seleções que diziam que poderiam ser cabeças (Itália e Inglaterra) nem se classificaram pro mata-mata.

- Apenas 3 times tiveram 100% de aproveitamento na fase de grupos (3 vitórias). Todos cabeças-de-chave. Entre eles, 2 eram os contestados Bélgica e Colômbia.

- 5 cabeças passaram para as quartas-de-final.

A situação não mudou muito em relação à última Copa, quando 6 cabeças-de-chave passaram pro mata-mata (um a menos que dessa vez) e 5 deles também chegaram às quartas-de-final.

Muita gente também argumentava que vários cabeças-de-chave se classificariam por estarem em grupos supostamente fracos, mas que isso resultaria em partidas fáceis no mata-mata. Erraram. Com exceção de Colômbia x Uruguai (jogo que a Colômbia venceu com certa facilidade), TODOS os jogos das oitavas foram equilibradíssimos, com 5 deles terminando com empate no tempo normal (inédito) e 2 sendo decididos nos últimos minutos do segundo tempo. Nunca vimos oitavas tão equilibradas numa Copa!

No fim das contas, parece que a FIFA acertou!

Vamos, Brasil!
E. Marcolino

Obs.: texto atualizado após o fim de Bélgica x EUA, sério candidato a jogo mais emocionante da Copa.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Desabafo

Momento desabafo: ter banda com trabalho autoral no Rio de Janeiro é cada vez mais complicado e desanimador. Não é à toa que fazer shows, pra mim, tem sido cada vez mais raro.

O público de rock definitivamente EXISTE e é numeroso. Mesmo num segmento mais "restrito" como o rock progressivo. Mês passado, por exemplo, rolou evento de prog no CCBB com vários dias de shows totalmente lotados (600 pessoas) e ainda teve muita gente que tentou comprar ingresso e ficou de fora.

Mas hoje em dia, pra começar, as pessoas acham que apoiar um artista é clicar em "curtir" no Facebook e ver videozinho no Youtube. Essa "geração download grátis" não quer pagar por nada. Não compra álbum, acha show caro, não comparece. Tem gente que tem a cara de pau de reclamar do preço de um show com bandas de excelente nível (sem falsa modéstia) que não custa duas cervejas. Querem saber a verdade? Absurdo é querer pagar 10-20 reais e querer ver um bom espetáculo!! Temos que valorizar os artistas de qualidade.

Os que vão em shows, em geral, priorizam artistas já consagrados (por mais "capengas" que estejam) e bandas cover, que simplesmente executam clássicos. Nada contra as bandas cover, acho um trabalho muito legal, mas não devemos priorizar esse tipo de coisa deixando de lado quem faz um som original. É uma inversão de valores. Curioso é que muitos fazem isso e depois reclamam que "não se faz música boa como antes". Discordo completamente. São vocês que não abrem os olhos nem valorizam quem merece.

Neste fim de semana produzi um evento em que minha banda participou. Mais de 120 confirmados no Facebook (além de mais de 100 no "talvez"). Nem metade dos confirmados apareceu. Quem foi, viu um evento legal pra cacete (e pra vocês meu muito obrigado)!! As bandas foram ótimas no palco.

Mas esperávamos mais do público. Evitamos tudo que geralmente gera críticas: casa extremamente confortável (espaçosa, ar condicionado, etc.), lugar acessível, bom horário (sábado à noite), local com equipamento de qualidade (iluminação e som). Enfim, tudo do melhor possível dentro do cenário independente. E mesmo assim não houve o retorno que imaginávamos. Como músico, fiquei mais do que satisfeito. A galera que compareceu gostou muito. Como produtor, confesso que rolou uma decepção.

Pra deixar claro, não exijo que ninguém vá no meu show só por ser meu amigo. Tenho muitos amigos que não gostam de rock progressivo e acho natural que não queiram ir. Também dificilmente vou em show de amigo se não curto o som. Nem reclamo de quem vai ocasionalmente. O problema é quem diz que curte, diz que quer ir, e nunca comparece. Que só elogia virtualmente e não vai lá prestigiar na vida real. Que confirma presença e na hora some.

A crítica vale igualmente (se não mais ainda) pra quem tem banda com trabalho autoral. Vistamos a carapuça porque antes de sermos músicos, somos também PÚBLICO, cacete!!! E o que vejo de gente aí que divulga sua própria banda, fica querendo tocar em tudo que é canto, mas não se digna a aparecer em shows de outras boas bandas, puts... é vergonhoso. Se todos comparecessem mais, todo mundo sairia ganhando. Teríamos mais eventos, com maior público, e mais oportunidade de tocarmos ao vivo.

No fim das contas você passa anos estudando música, ensaiando semanalmente com sua banda, fazendo composições, arranjos, dando o sangue num trabalho, gasta uma grana com equipamento, e quando investe pra fazer um puta evento legal, com todo o conforto possível pros consumidores, um bando de gente fica de corpo mole. E depois algumas dessas mesmas pessoas te encontram e perguntam: "e aí, quando tem show da sua banda?". Ahpaporra.

É isso, desculpem pelo desabafo aqui. Mas acho que vale a reflexão pra todo mundo que gosta de rock (seja qualquer segmento dele) e pra quem tem seu próprio trabalho nesse ramo.

Parem de achar que só existem os clássicos e abram os olhos, porque tem muita gente "desconhecida" fazendo um som muito melhor do que vários nomes consagrados por aí.

Enfim... VALORIZEM O TRABALHO AUTORAL DE QUALIDADE, PORRA.

E. Marcolino

segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

A obra não é o artista

Simples assim. A obra é a obra. O artista é o artista. E ponto final.

O escândalo da vez é o suposto caso de pedofilia de Woody Allen. Não vou entrar no mérito da questão. Mas já vi coisas escritas sobre boicote aos filmes dele. Boicote??? O que isso vai mudar?? É algum tipo de justiça a quem sofreu abuso??

Que cada um seja devidamente julgado e condenado por seus atos, se for o caso. Mas ninguém tem que deixar de gostar do trabalho de um artista por causa de um desvio do seu caráter (ou de posição política, ou qualquer outro aspecto de sua vida pessoal). E isso vale pra qualquer ramo da arte. Michael Jackson também não deixou de ser um gênio do pop por causa de acusações de pedofilia, por exemplo.

Querer fazer um boicote levanta a idéia absurda de que pra consumir e apreciar qualquer obra devemos antes checar o caráter dos seus autores, levantando ficha criminal e o que for possível. Bizarro.

Fiquem indignados, xinguem à vontade quem quiserem xingar. Mas não digam que um filme é ruim porque o cineasta é pedófilo, que uma música não presta porque o compositor é drogado, que um livro é ruim porque o escritor é racista, etc.

Se a obra é boa, ela é boa. E pode ser admirada sem peso na consciência.

E. Marcolino

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

A mediocridade da guitarra no Brasil

Ainda não escrevi nenhum texto no blog em 2014. Mas, pra não ficar abandonado, vou colar um texto que escrevi no Facebook no fim do ano passado. Vale principalmente pros guitarristas e músicos em geral.

"Mandando a real: cada vez me impressiono como hoje domina a cultura da MEDIOCRIDADE no mundo guitarrístico brasileiro (pelo menos na internet).

A qualidade da MÚSICA tá ficando cada vez mais em segundo plano. É uma avalanche de gente RUIM com zilhares de plays no Youtube, patrocínio de marcas (algumas bem duvidosas), covers tocados roboticamente nota-por-nota, composições tosquíssimas feitas pra gravar um videozinho e mostrar alguma técnica, aulas mal dadas e coisas do tipo.

Me impressiona a falta de crítica do público, que endeusa músicos totalmente medíocres e tentam "aprender" com quem não sabe ensinar. Daí uns caras são elevados a categoria de "grandes nomes da guitarra" e passam a achar que são realmente fodões. É uma bola de neve!

[Edição: nomes omitidos do texto porque, definitivamente, não se pode criticar ninguém hoje em dia. E, principalmente, fãs na internet não sabem argumentar com respeito.]


O negócio hoje não é fazer uma música boa e transmitir emoção. É só contar visualização de vídeo, pagar de fodão e conseguir apoio de cabo Schrubbles, palheta Blablablapick, captador Blerght e o cacete a quatro, tocando qualquer coisa.

Galera, por favor vamos ser mais exigentes e não ficar por aí distribuindo "curtidas" e rasgando elogios a qualquer músico mediano que aparece. Eles é que estão ficando famosos, enquanto tem gente fazendo música boa (mesmo sem apoio e sem badalação) e ficando esquecida."


E. Marcolino

PS: Fazendo um adendo ao texto aqui, uma das coisas mais chatas no mundo musical é o "corporativismo" onde ninguém critica ninguém e fica uma "rasgação de seda" totalmente falsa, com músicos elogiando outros (mesmo com trabalhos de baixíssima qualidade) só pra ficarem bem vistos no mercado. Não gosto de falsidade. Quem publica um trabalho artístico está sujeito a críticas. Ah, sou contra críticas infundadas ou baseadas apenas em divergências pessoais, claro.

PPS: Esse texto foi compartilhado pelo próprio Bruno Mello (que havia sido citado aqui) no Facebook e em pouquíssimas horas eu recebi mais xingamentos do que na minha vida toda. Rs. Quero deixar claro que não xinguei nenhum artista. Fiz críticas, sim, mas todos podemos expressar nossa opinião. E os artistas em questão devem estar mais do que acostumados com esse tipo de coisa. Acho que as críticas devem ficar no plano da arte e não virar ataque pessoal. Não foi minha intenção "ferir os sentimentos" de nenhum fã. E eu também já recebi muita crítica, inclusive de amigos, e encaro numa boa. Também não tenho nada contra os caras em termos pessoais. Troquei uma idéia com o próprio Bruno e ele foi extremamente educado.

Um forte abraço a todos.