quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Flamengo campeão: a coroação da seriedade fora dos campos

Cheguei há pouco do Maraca, onde, como todos sabem, o Flamengo se sagrou campeão incontestável da Copa do Brasil de 2013. Uma campanha com 11 vitórias em 14 jogos, num ano em que o torneio ganhou muito em importância, se estendendo até o fim do ano e com a participação dos clubes que jogaram a Libertadores, o que não acontecia há tempos.

O caminho do Fla para esse título foi, provavelmente, o mais difícil que qualquer time já teve nessa competição. Tivemos que passar por nada menos do que quatro dos cinco primeiro colocados no Campeonato Brasileiro, ou seja, enfrentamos os melhores times do Brasil na temporada. E mesmo na fase de "jogos fáceis", passamos pelo campeão e vice da Copa do Nordeste. Não teve moleza não. Olhando agora, parece até roteiro de filme: time desacreditado batendo favoritos, operando milagres e fazendo a alegria de milhões.

Poderia passar um bom tempo aqui exaltando jogadores que foram incríveis, um técnico que acertou o time rapidamente e conseguiu manter um padrão de jogo e uma escalação fixa, partidas épicas no Maraca, a torcida que mais uma vez provou que entra em campo e FAZ A DIFERENÇA, etc. Mas prefiro dar destaque àqueles que, desde o começo do ano, fazem o trabalho na parte de fora de campo e merecem esse título e esse reconhecimento mais do que ninguém.

Sim, estou falando da diretoria rubro-negra. Bandeira, Wallim, Bap, Pelaipe, entre outros. Tão contestados, incompreendidos por muitos, e que fizeram em um ano o que eu nunca vi ninguém fazer pelo clube em toda minha vida.

O Flamengo, desde que acompanho futebol, é motivo de chacota por ser mal administrado. É um festival de escândalos, dirigentes roubando, irresponsabilidades, enfim, muitos casos de desrespeito com essa instituição que representa uma das maiores nações do mundo, com 40 milhões de apaixonados que nunca a abandonam.

Chegou em 2013 a Chapa Azul com a promessa de profissionalizar o Mengão e colocá-lo no seu devido patamar, depois de três anos de administração pífia daquela nadadora despreparada. Formada por TORCEDORES, assim como nós, e que estão muito bem de vida e poderiam confortavelmente não entrar nessa "roubada", mas fizeram por amor ao clube.

Não foi nem um pouco fácil e vieram muitas críticas. Logo de cara, dispensaram o maior ídolo do time (Vágner Love) pra diminuir a folha salarial, o que era urgente. Colocaram o time pra jogar fora do Rio diversas vezes. Aumentaram valores dos ingressos para se adequar à realidade financeira do futebol e não fizeram populismo barato. Mostraram que responsabilidade social é pagar imposto, não é vender ingresso a preço de banana. Tomaram decisões "frias", mas pensadas. Não "jogaram pra torcida". Jogaram PRO CLUBE, jogaram pra todos nós.

Nas contratações, muito mais acertos do que erros. Paulinho, Elias, Wallace e Chicão, por exemplo, foram fundamentais. Os erros são normais. Arriscar faz parte do negócio.

Criaram o programa de sócio-torcedor. Obrigado por isso! MUITO obrigado!!! Aderi logo no começo apenas como uma forma de ajudar o clube, já que nem jogávamos no Rio. E as recompensas vieram depois, com descontos em ingressos e, principalmente, facilidade na compra, sem precisar enfrentar confusão em bilheteria, filas, cambistas, etc. Fui a todos os jogos decisivos da Copa do Brasil. É o clube retribuindo quem o ajuda e crescendo com isso. Já somos mais de 50 mil sócios-torcedores, o que já garante ao clube uma renda mensal de pelo menos 2 milhões de reais só com este programa.

Todos nós, rubro-negros, queremos ver o Flamengo forte. E é isso que esses caras estão fazendo pela nossa nação. O caminho é longo e complicado. A dívida era de mais de 700 milhões, mas está diminuindo. O time ainda tem limitações. Nesse ano o planejado era apenas "não fazer feio", se manter na série A. E acabou vindo um título nacional para coroar esse belo trabalho, que ainda está no começo.

Não vamos ser otimistas demais: vamos ter muitas dificuldades nas próximas temporadas. Estamos voltando à Libertadores antes do planejado até. Mas temos que apoiar nossa diretoria. Não vamos cobrar títulos, e sim cobrar os pés no chão e a continuidade do trabalho sério. A longo prazo, só temos a ganhar. O Flamengo não é menor que Barcelona, Chelsea, Milan. O Flamengo é tão grande quanto isso tudo, se não maior. Pena que passou décadas apanhando de quem estava lá dentro, mesmo com tanto apoio incondicional dessa torcida...

Obrigado, Clube de Regatas do Flamengo. Obrigado, diretoria. Obrigado, torcida. Esse título é de todos nós.

Mais do que nunca, dá orgulho de ser rubro-negro, vendo as coisas serem conduzidas dessa forma.

SRN!!!!!!
E. Marcolino

terça-feira, 22 de outubro de 2013

"Defendendo" David Coverdale

Texto de fã. Lógico. Além do Whitesnake ser uma das bandas que mais gosto (tá no meu top 5 sem dúvidas) e que eu admiro por diversos motivos, Coverdale é meu vocalista favorito. Mas tento escrever separando as coisas e sendo racional, apesar de isso ser sempre impossível de fazer por completo.

Nessa semana em que o Whitesnake passou pelo Brasil junto com o Aerosmith (e que tive o imenso prazer de vê-los na Apoteose na 6a feira), choveram comentários nas redes sociais sobre os shows, principalmente porque os shows de São Paulo foram transmitidos pela internet e pela TV. E aí todo mundo quer dar pitaco, dizer quem tá bem, quem tá mal, quem é fodão e quem já morreu. Parece que vira competição e que não existe meio termo.

E a maioria de comentários que li sobre Coverdale foram pejorativos. Coisas do tipo "a voz acabou", "não é mais o mesmo", "passou vergonha", tudo potencializado ainda mais pela performance de Steven Tyler, que apesar da idade não teve qualquer alteração no seu timbre ou alcance vocal.

Se por um lado Coverdale não é um milagre da natureza como Tyler (que parece não sentir em nada o passar das décadas), por outro ele soube envelhecer muito bem e adaptar seu estilo pra continuar dando show até hoje, apesar dos mais de 60 anos de idade. Normal essa mudança, seja pelo envelhecimento natural do ser humano ou por ter abusado demais dos cordas vocais nos anos 80.

Dizer "a voz dele não é mais a mesma" é chover no molhado, po. Esse comentário é típico de quem parou no tempo ou que não conhece nada do trabalho do Whitesnake desde 1989. A voz dele não é mais "a mesma"?? Claro que não! E não é a mesma há mais de 20 anos! O próprio Coverdale sabe disso mais do que todos nós. Não é à toa que ele vem mudando seu jeito de cantar desde "Restless Heart", o único álbum de estúdio lançado pelo Whitesnake nos anos 90, após a fase de mega-sucesso da banda.

Mudar a tonalidade das músicas antigas para não soar esganiçado e desafinado, poupar a voz em alguns versos durante o show, modificar linhas melódicas... Isso tudo são recursos de um artista que se mantém na ativa e se preocupa em fazer bonito. Muito mais digno do que dar uma de Axl Rose, que também não tem "a mesma" voz há tempos e teima em tentar cantar como no auge, pagando mico diversas vezes. Ou então como Edu Falaschi (ex-Angra) e tantos outros vocalista de heavy metal que nem têm muita idade mas tentam cantar o que não conseguem.

Enfim, a voz de Coverdale continua sendo uma das pérolas do mundo do rock. Hoje é mais rouca, mais grave, mas não menos bonita. Quem vem acompanhando o trabalho da banda, que de 5 anos pra cá trouxe excelentes músicas como "Can You Hear the Wind Blow", "All I Want All I Need", "Forevermore" e "Love Will Set You Free" (pra citar algumas), sabe o que esperar de um show do Whitesnake e não se decepciona. Mas quem vai ouvir um cara de mais de 60 anos esperando a mesma voz de 30 anos atrás, que claramente necessitava de grande esforço já naquela época, aí é muita falta de noção...

Deixo aqui um vídeo que achei da música "Forevermore" (faixa título do álbum mais recente da banda) sendo tocada ao vivo e gravada da platéia num show em New York. Nada de DVD pra não falarem de voz regravada, overdubs, afinação eletrônica, etc. Som de verdade. E vejam o agudo que rola mais ou menos aos 6 minutos. Sensacional!


Abraços!
E. Marcolino

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Impressões sobre o Rock in Rio 2013

E chegamos ao fim de mais um Rock in Rio!

Antes de qualquer coisa, gostaria de exaltar o evento, que mais uma vez deu um show de organização, ainda mais se levarmos em consideração o que geralmente temos que encarar aqui no Brasil. Fácil acesso para as lojas e lanchonetes, banheiro sem tumulto, bom espaço para circulação das pessoas e principalmente: qualidade de som ANIMAL no palco principal. De longe, melhor som que já ouvi em shows ao ar livre. Mesmo de longe, dá pra ouvir tudo e muito bem. Impressionante.

Sobre as reclamações que rolam por aí que Rock in Rio "não é rock", que o line-up é de baixa qualidade e tudo mais, nem me estendo muito nesse "mimimi" de corneteiros. A grande maioria dos artistas é de rock (fato indiscutível) e temos muitos shows de extrema qualidade. Além disso, ninguém obriga o roqueiro a ir num dia de shows pop (que foram apenas 2 dos 7 dias de festival). Acho totalmente válido e a programação dos shows desta vez foi bem coerente. As únicas coisas que lamentei foram: o show do Living Colour (uma das melhores bandas em atividade no mundo) ser num dia pop em que quase ninguém do público conhecia os negões do funk-hard-rock (que fizeram um showzaço) e o DJ David Guetta ter tido destaque no palco principal. Pra mim, palco é pra bandas que tocam de verdade. Respeito o trabalho do DJ, mas pra fazer um show "ao vivo" apertando o play, que vá numa tenda eletrônica ou algo do tipo.

Pois bem, estive lá nos dias 20 e 21 e de resto acompanhei várias coisas pela TV e pela internet.

Pelo que vi de fora, destaco positivamente os shows do Muse (uma das poucas bandas que trazem novidade para o rock, e com qualidade altíssima), Ivan Lins com George Benson, Living Colour, Metallica (na pressão!), Jessie J (pra mim, a melhor apresentação entre os artistas mais pop) e Iron Maiden (que continua chutando bundas, apesar de eu não ser fã).

Negativamente, tenho que destacar vários shows, principalmente do Palco Sunset, onde teve uma galera que perdeu a noção do que é cantar afinado. O primeiro que vi na TV, do B Negão com Autoramas, foi um verdadeiro show de horrores! O cara cantou desafinado o tempo inteiro e a banda é muito fraquinha. Depois disso, subiu no palco Marky Ramone com um vocalista também lamentável. E no dia do metal, onde se espera no mínimo melhor performance técnica do que no punk rock, os micos vocais foram protagonizados por Edu Falaschi, do Almah (esse desde os tempos de Angra sempre pagando mico ao vivo) e Sebastian Bach, que mas se apresentou com uma voz irreconhecível, fora do tom o tempo todo. Das atrações principais, achei o show da Beyoncé muito fraco, com ela no geral não cantando quase nada e só abrindo a boca pra soltar uns "yeahs" e gritinhos entre os refrões. Muita pompa pra pouca musicalidade. E o Justin Timberlake, com uma banda excelente, fez um show chatíssimo. Não adianta. Por melhor que seja a produção e a banda de apoio, as músicas são muito parecidas e sem graça. Aquele hip-hop-pau-mole que não leva a lugar nenhum. Dispensável. Definitivamente, o RiR de 2011 tinha sido mais bem servido de headliner pop, com a Rihanna.

Curti bastante os shows que vi de perto. No dia 20, o pouco que vi do Frejat quando cheguei foi bem legal. O som estava uma porrada e ele tocando guitarra muito bem. Depois, vi Ben Harper com Charlie Musselwhite no Palco Sunset. Fui sem muita expectativa e me surpreendi positivamente. Fizeram um show de blues com muitos solos e ótimos arranjos. Nas atrações principais, Matchbox 20 fez uma apresentação competente, Nickelback fez um showzaço cheio de hits e o Bon Jovi não decepcionou, apesar da ausência de Richie Sambora, que eu gosto muito. A banda é sensacional e sabe fazer um puta show, apesar da voz do Jon infelizmente não ser mais a mesma e ele mostrar dificuldade nos agudos. Mas não comprometeu. Showzão. No dia 21, o show do Skank foi animado e achei muito boa a apresentação do Philip Philips, que tocou com uma banda excelente e que teve espaço pra mostrar suas qualidades. A única crítica é que o cara imita demais a Dave Matthews Band. Mas, anyway, é muito bom.

Em relação aos dois últimos shows do dia 21 (John Mayer e Bruce Springsteen), vou colar aqui os comentários que já fiz pelo Facebook assim que cheguei em casa naquela noite.

"O show do John Mayer, como eu esperava, foi sensacional! Sou suspeito pra falar porque sou muito fã do cara. Mas é, pra mim, o grande artista e também o grande "guitar hero" dessa geração. Tem a moral de ser um artista pop e fazer shows cheios de solos, com uma influência pesadíssima do blues-rock e arranjos muito bem feitos. Ao vivo, não se prende aos arranjos dos álbuns e destrói na guitarra e também no violão. Tocou muito hoje. Nota 10!!!"

"Sobre o show do Bruce Springsteen, que tô vendo que tá rendendo muitos elogios e comentários emocionados: acho sensacional o cara nessa idade ter esse pique todo, fazer show longo (particularmente não curto isso, mas é gosto pessoal), correr de um lado pro outro, animar o público, andar pela galera, etc. Um verdadeiro "showman". Além disso, a banda dele é boa e bem ensaiada. Sim, merece elogios! Ok.

Mas, musicalmente falando, não consigo ver muita graça. As músicas repetem os refrões exaustivamente, às vezes "enrolam" muito nas introduções, as composições não saem do lugar, a banda segura a mesma harmonia durante muito tempo... Sinceramente, acho meio enfadonho. Muita energia, muito bem feito, mas pouco "conteúdo musical" pra mim. Sorry, mas não me desce...

De qualquer forma, reconheço que tem suas qualidades, mesmo que mais pela empolgação do que pela música em si."

É isso! E que venha o Rock in Rio 2015, pois certamente estarei lá de novo!

Rock n' roll.
E. Marcolino

terça-feira, 3 de setembro de 2013

A internet e o paradoxo do "tudo é grátis"

Tenho 26 anos e uso a internet desde os 13. Minha geração praticamente não comprou CDs. Eu que andei na contramão. Quando fiquei velho o suficiente para gastar meu próprio dinheiro com CDs e DVDs, já estávamos na época dos downloads de álbuns em blogs e programas P2P com milhões de pessoas compartilhando mp3s. Vi a briga do Metallica com o Napster (que bizarramente deixou a banda com uma imagem ruim, quando ela só estava tentando proteger seu próprio trabalho) e hoje em dia quem é da minha idade ou mais novo chega a me olhar estranho quando falo que comprei algum CD. Mas não tem jeito, gosto de ter o troço completo: o disco, a capa, o encarte. Nunca foi por uma questão ideológica, e sim porque eu gostava mesmo. Mas a cada vez que penso sobre esse assunto, mais me torno radical a respeito dele. Se antes eu até apoiava os downloads e criticava quem era contra o compartilhamento da música, hoje defendo a idéia de que todos temos que pagar sempre, mesmo sabendo que essa minha posição é bem alternativa atualmente. E há algum tempo cheguei numa triste constatação: as pessoas estão MUITO mal acostumadas! E não querem mais pagar pelo trabalho dos outros, caso eles estejam disponíveis (mesmo que ilegalmente) na internet. Isso é um fato.

Enfim, estou falando de música porque é a área que mais me interessa. Mas esse papo vai muito além: vale pra filmes, livros, jogos, softwares... tudo que é "baixável" na rede. O ponto em que quero chegar é o seguinte: as pessoas estão tão acostumadas com o fato de ter tudo "grátis" na internet, que elas já acham que adquirir qualquer coisa dessas sem ter que desembolsar o devido valor é um direito delas.

Estar na internet pra download não significa que seja legal. Baixar um disco que está à venda nas lojas é errado. Baixar um filme que está no cinema ou na locadora também. O que dizer de baixar um software e usar um programa "keygen" pra gerar um serial falso e ter todas suas funções disponíveis sem pagar nada por ele?

Todos esses exemplos que dei são trabalhos que foram realizados por pessoas, assim como nós, e que merecem receber pelo que fizeram. "Ah, mas o software X é feito por uma grande empresa". Sim, e essa grande empresa precisa lucrar para manter em dia os salários de tantas pessoas que vivem disso. Só um exemplo...

Esta situação está tão alarmante que mesmo quem tem condição de sobra para pagar pelas coisas acaba preferindo ir pros meios ilegais na internet. Há pouco tempo aconteceu um fato curioso: a estrela pop Justin Bieber (que, convenhamos, deve ter alguns milhões de dólares sobrando) perguntou no Twitter se alguém teria o link do vídeo do nocaute que havia acabado de acontecer no UFC. O dono do UFC, Dana White, deu uma linda resposta pelo seu perfil: "PPV, Justin" (ou seja, "compre o pay-per-view").

Não vou ser hipócrita e dizer que não baixo nada ilegal. Mas tenho evitado bastante. Já faz meses que não baixo nenhum álbum completo e tenho tentado ao máximo utilizar programas gratuitos. Nunca usei torrent e nunca pretendo usar. E acredito que precisamos fazer uma grande auto-crítica sobre esse situação e ver o quanto essa coisa de ter tudo livre na internet pode ser prejudicial pra todos.

Na internet, as pessoas reclamam demais. E é aí que está o paradoxo! Vejo todo dia pessoas (principalmente artistas) nas redes sociais dizendo que não são valorizadas profissionalmente. É aquele papo de "ninguém dá valor ao músico/designer/fotógrafo, mimimimimi". E aí o cara é fotógrafo, diz que ninguém quer pagar o "valor justo" pelo seu serviço, mas usa o Photoshop que comprou no camelô pra trabalhar. Ou então é designer, reclama que copiaram um trabalho dele sem creditar, mas ele nem pára pra pensar que fez este mesmo trabalho no Corel baixado no seu computador com Windows pirata. E o músico profissional que diz "ninguém me paga direito" tem várias discografias completas no seu HD sem nunca ter desembolsado um centavo por elas... Tudo muito incoerente. Pensem friamente: isso é muito estranho ou não é???

Vejo todo dia comentários do tipo "a música hoje em dia está um lixo", "só tem merda na mídia". Mas vejam bem: quem vende CDs e DVDs, quem rende, é a Anitta, é o Naldo, são os artistas gospel, etc. Não adianta reclamar que o nível está baixo se você não paga pelo que você curte.

Não conheço ninguém (sem exagero, ninguém!!!) que use exclusivamente produtos ou serviços originais hoje em dia. A pessoa pode até não baixar filmes e discos, mas com certeza usa um Microsoft Office pirata ou algo assim. Isso é preocupante.

E por incrível que pareça ainda surgem argumentos bizarros para defender a "liberdade" das pessoas terem acesso a tudo. Então, vou tentar dar uma resposta a alguns deles.

"O CD/livro/software é muito caro" - Bom, como QUALQUER produto ou serviço, você tem o direito de comprar ou não. Se achar que o benefício não compensa, não compre. Simples assim. Não é porque eu acho um carro caro que isso me dá o direito de ir na concessionária e pegar um deles sem pagar! E mais: várias coisas hoje são caras porque a maioria das pessoas não paga por elas. Com certeza os preços seriam menores se todos pagássemos.

"O artista não pode viver de venda de discos, tem que viver de show" - Quem é você pra dizer como alguém tem que lucrar? Você está numa posição superior? Cada um tem o direito de vender o seu serviço como bem entender. Imagine você terminando um longo projeto na sua empresa e seu chefe te diz "não vou pagar seu salário esse mês, você tem que receber fazendo outro tipo de serviço porque esse aí a gente usa de graça". É a mesma coisa.

"Hoje em dia, o artista tem que divulgar na internet" - Fato. Mas existe uma diferença entre divulgação online e compartilhar o trabalho de alguém sem autorização. Se uma banda resolve disponibilizar um disco completo para download, beleza! Aí faz parte da estratégia de cada um e não há nada de errado em baixá-lo. Mas quem prefere vender, ou disponibilizar apenas uma parte do trabalho, tem que ser respeitado.

"CD é uma mídia ultrapassada, ouço tudo no meu ipod/mp3 player/entrada USB" - Beleza. Ninguém é obrigado a gostar do CD como produto físico. Mas a música continua tendo um preço. Não quer o CD? Compre o álbum que você quer no iTunes, na Amazon, etc. Pague pelo download, pela mp3 legalizada. Só assim você colabora com o artista que você gosta.

"Não gosto de carregar livros comigo" - Mesma coisa que o CD. Compre um Kindle, um tablet, qualquer coisa dessas, e pague pela obra.

"Quem ganha dinheiro com venda de disco não é o artista, é a gravadora" - Primeiramente, hoje em dia isso não é verdade, pois grande parte dos artistas (mesmo alguns muito famosos) lançam seus trabalhos de forma independente. Dessa forma, eles ganham sim com a venda da música. E nos casos em que a gravadora ganha mais do que o artista, provavelmente foi ela que bancou a gravação, a mixagem, a produção de alta qualidade, enfim, que permitiu que aquele trabalho fosse lançado. Então nada mais justo que a gravadora receba o que tem direito e possa investir em mais coisas. Imagine quantos álbuns clássicos ("Dark Side of The Moon", "Sgt. Pepper's", etc.) não existiriam caso as gravadoras não lucrassem na época? Nem sempre o artista pode se bancar sozinho.

Bom, fica o desabafo de alguém que está "remando contra a maré" e a sugestão de mudarmos nossa visão em relação aos downloads ilegais. Não vivo de música e isso não me influencia diretamente, mas acredito que só teríamos a ganhar se nos acostumássemos a fazer o certo e pagar o preço do que queremos utilizar. Quanto mais normal acharmos pegar tudo de graça, mais raros serão os bons discos, os filmes bem produzidos, os softwares de qualidade, etc.

Infelizmente, não vejo um caminho muito fácil à frente. Espero que exista uma fiscalização maior nesse sentido para tirar do ar o que é ilegal e punir quem libera para milhões de pessoas algo que não é seu.

Se coloquem do outro lado da história. Tentem enxergar por outros pontos de vista.
Think about it!

E. Marcolino

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Pablo Capilé, "mídia ninja", Fora do Eixo e etc. - os assuntos do momento

Quem me conhece sabe que eu sempre tive o pé atrás em relação a essa onda de manifestações que fez surgir líderes nacionais recentemente, como o grupo de hackers "Anonymous Brasil" (que paga de moralista, mas se esconde atrás de máscaras) e a tal da "mídia ninja", que supostamente traz a proposta de mostrar o que "a grande mídia não mostra", vendendo a idéia de que tudo é manipulado e blábláblá.

Sem entrar no mérito desta discussão, não me surpreendi ao descobrir que o maior nome por trás da tal "mídia ninja" é Pablo Capilé, uma figura esdrúxula que também administra o grupo Fora do Eixo, um coletivo cultural que cresceu muito nos últimos anos, principalmente no meio musical, entre as bandas independentes. E nos últimos dias ele ficou mais famoso que nunca, participando até do "Roda Viva" na TV Cultura e saindo em diversas notícias por aí. Já havia visto uma entrevista dele há alguns anos, onde ele falava sobre o movimento cultural, e achei de uma boçalidade só, com argumentos muito rasos.

Pois bem, ouvi falar do Fora do Eixo pela primeira vez há alguns anos e a princípio me pareceu um projeto bem legal, um meio de contato entre artistas e produtores independentes que teria como objetivo movimentar a cena cultural do país. Mas logo vi o movimento crescer muito e sempre estranhei o fato de acontecerem eventos grandiosos em diversas partes do Brasil, mas com o grupo pagando de "independente" e "alternativo". As bandas em geral não ganhavam quase nada, mas faziam as apresentações em troca de visibilidade e novos contatos. E quem mais crescia não eram as bandas, e sim a marca "Fora do Eixo", que estampava seu selo em todas as notícias de eventos culturais que apoiavam. Nunca entendi muito bem a lógica disso, visto que deveria ser algo pra priorizar os artistas, e não o nome do coletivo. E entendia menos ainda como isso tudo era bancado. Mas agora tudo ficou claro: dinheiro público.

Não podia ser diferente. Num país que tem coisas bizarras como a Lei Rouanet, que vira e mexe permite que artistas mais do que consagrados (e ricos) ganhem quantias grotescas para bancar projetos (quem não se lembra do blog milionário da Maria Bethânia??), fica fácil para um grupo correr atrás de recursos com o argumento de "fomentar a cultura nacional". E agora, com o tal do Capilé "na mira da mídia" por causa dos seus trabalhos ninjas, as histórias vão aparecendo e a máscara vai caindo.

Uma cineasta chamada Beatriz Seigner fez um texto muito bem escrito no Facebook que confirmou várias coisas que antes eu suspeitava. O objetivo do grupo claramente é ganhar dinheiro e poder político, nada de ajudar os artistas, que são apenas um meio pra isso. Até compartilhei o texto. Recomendo a todos que leiam, aqui está: https://www.facebook.com/emarcolino/posts/10152136237847468

E vale a pena ler essas notícias também:
http://veja.abril.com.br/noticia/celebridades/artistas-acusam-grupo-base-da-midia-ninja-de-crimes-culturais-e-exploracao-de-mao-de-obra
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/o-que-revela-a-planilha-de-projetos-do-fora-do-eixo-que-comanda-a-midia-ninja-ou-ministerio-da-cultura-e-cartorio-da-turma-a-generosidade-de-minas-e-a-bondade-d/

"Ah, mas a Veja não é imparcial, mimimimi". Nem me venham com uma resposta dessa. Nenhuma mídia é imparcial e isenta de opiniões pessoais. Nem a ninja. Nem este blog. =)

Que fique claro: conheço de perto bandas que já participaram de vários eventos do Fora do Eixo e acredito que o coletivo tenha ajudado alguns artistas sim. Não nego isso e nem acho que quem se beneficiou está errado, pois aproveitou a oportunidade. Mas cada vez mais tenho certeza de que todos são "fantoches" num projeto muito maior. E a cultura não é o objetivo não...

Fico por aqui.
E. Marcolino

quarta-feira, 24 de julho de 2013

CD do Anxtron e outras coisas

Eis que nesta semana bizarra em que o Rio de Janeiro recebe a JMJ (engraçado, sempre que eu via JMJ lia "Jean Michel Jarre" - fica a dica pra quem não conhece) e a cidade está uma bagunça generalizada com o "circo do papa", chega a encomenda mais aguardada dos últimos tempos: "Brainstorm", o novo álbum do Anxtron (minha banda!), finalmente nasceu em sua forma física de CD. E, modéstia à parte, ficou lindão!

O lançamento do disco teve alguns percalços em seu caminho, que eu gosto de citar pra ficar de lição. Resumindo uma longa história (que já contei em detalhes via Facebook), fomos literalmente enrolados pela Niterói Discos durante muito tempo. Passamos mais de um ano com promessas do tipo "o CD vai pra fábrica mês que vem" e, por fim, nunca saiu. Por causa disso, um disco gravado, mixado e masterizado em 2011 só vê a luz do dia agora em meados de 2013, após arcarmos com todos os custos e fazermos tudo de forma independente, como deveríamos ter feito desde o começo. Serviu, pelo menos, pra gerar mais expectativa ainda (hehehe) e pra ensinar de vez: se você é artista, dependa dos outros o quanto menos possível.

Enfim, queria compartilhar essa boa notícia. Quem quiser comprar o disco ou saber quando será lançado oficialmente, basta acompanhar a página da banda no Facebook: http://www.facebook.com/anxtron

 ***

Agora, uma sugestão musical: nos shows do Mark Knopfler que vi na França, tive a grata surpresa de conhecer a cantora canadense Ruth Moody, que estava fazendo os shows de abertura e também participando como convidada em algumas músicas dele. O som é um folk muito agradável e ela tem uma voz linda, além de ser acompanhada por uma banda ótima, com destaque pro violinista. No site oficial dela tem alguns vídeos, vale a pena conferir: http://www.ruthmoody.com/videos/

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Com essa onda de frio rolando, gostaria de mandar um alô pra galera que acredita naquele papo de aquecimento global e efeito estufa que ensinam nas escolas e que é desmentido constantemente por especialistas. Ta aí o frio atingindo níveis bem mais altos que o normal, como naturalmente acontece de tempos em tempos. No Rio de Janeiro o frio nem é tão frio assim, então por mim podia ficar o ano inteiro. Hehehe.

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Por fim, mas que saco esse troço de JMJ, hein??? E quem não é católico, vendo a cidade virar um inferno por causa disso, só pode lamentar...

Abraços!
E. Marcolino

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Mark Knopfler na França - Privateering Tour

Voltei neste fim de semana da Europa, onde assisti a dois shows do meu grande ídolo Mark Knopfler pela turnê do álbum "Privateering". Emocionante!

Nem vou me estender muito no assunto porque estou sem tempo, então o texto de hoje é curto. Fui nos shows de Paris (dia 26/6) e Rennes (dia 28/6) e ambos foram simplesmente fantásticos. Os setlists foram bem parecidos, com apenas 3 músicas de diferença entre eles. Acabei curtindo mais o show de Rennes por estar mais próximo ao palco e pela inclusão da música "Kingdom of Gold", não tocada em Paris, que é uma das minhas favoritas de "Privateering".

Além de Knopfler, tocam sete músicos (todos excelentes) num palco sem grandes produções visuais, onde a música faz o espetáculo. Quem não acompanha sua carreira solo provavelmente sente falta de mais músicas do Dire Straits no repertório, que ficam restritas a "Romeo and Juliet", a incrível "Telegraph Road" e a clássica "So Far Away". Apesar do show ser focado no último álbum, ele faz um apanhado geral de sua carreira, tocando músicas de quase todos os discos que lançou. Se destacam "What it Is" (abertura do show), "Hill Farmer's Blues" e "Speedway at Nazareth".

Mark está tocando e cantando bem demais, do alto de seus 63 anos de idade. Parece que o bom gosto só aumenta. Sons de guitarra lindos. Não tem como não gostar.

Deixo aqui alguns dos melhores vídeos desses shows que achei no Youtube. Dois são do show de Paris ("Speedway at Nazareth" e "What it Is") e um de Rennes, com o solo final de "Telegraph Road".

Fui!








quinta-feira, 20 de junho de 2013

Mark Knopfler

Falar de Mark Knopfler, pra mim, é quase como falar de uma entidade superior. Além de ser meu grande ídolo e provavelmente o guitarrista que mais ouvi na vida, foi também o cara que me fez querer tocar guitarra.

Pra quem não conhece, uma breve explicação: Mark Knopfler, nascido na Escócia em 1949, foi guitarrista, vocalista e líder da lendária banda britânica Dire Straits, que atingiu o auge do sucesso em meados dos anos 80. E desde 1996 ele segue em carreira solo muito bem sucedida, lançando álbuns e fazendo shows ao redor do mundo até hoje.

O Dire Straits sempre foi minha banda favorita. O álbum ao vivo "Alchemy" foi o primeiro CD que comprei e é até hoje meu disco favorito de todos os tempos. Conheço toda a discografia deles e, mais recentemente, passei a conhecer mais a fundo também a carreiro solo de Knopfler. Na verdade não dá pra separar muito as duas coisas, já que ele era o grande "cérebro" por trás do Dire Straits, compondo todas as músicas e liderando a banda que passou por diversas formações diferentes, só mantendo ao seu lado o baixista John Illsley. Knopfler, além de bom cantor, toca guitarra com uma personalidade incrível. Mesmo de forma simples, sem grandes malabarismos técnicos, é facilmente reconhecível em poucos segundos, seja tocando com uma Fender Stratocaster (som que o consagrou) ou com uma guitarra de som mais "denso", como a Gibson Les Paul. Sempre com precisão e, principalmente, com muita emoção a cada nota.

Um amigo meu diz que "ser fã de Dire Straits é ser fã de várias bandas numa só". E é verdade. Desde seu primeiro álbum de estúdio, de 1977, até o último, lançado em 1991, o Dire Straits nunca lançou discos com sonoridade parecida ou algum trabalho dispensável, que não acrescentasse algo à sua história. Vemos por aí diversas bandas e artistas (até mesmo consagrados) que se repetem e se tornam caricaturas de si mesmos. O Dire Straits não. Podiam levar anos para lançar um novo disco, mas Mark sempre reinventava seu som.

Quando o Dire Straits surgiu, lançando seu álbum homônimo que continha o histórico hit "Sultans of Swing", a banda trazia um pop-rock bem trabalhado, com influências do country e uma estética instrumental bem simples (duas guitarras, baixo e bateria). A guitarra de Mark, com um timbre limpo e estalado, se tornou marca registrada da banda. Nos álbuns seguintes, o som do Dire Straits foi ficando mais elaborado, com teclados bem presentes e algumas composições mais longas. A banda chegou a flertar com o rock progressivo em músicas como "Telegraph Road" e "Private Investigations" e no disco ao vivo "Alchemy" (de 1984) algumas músicas tem versões de mais de 10 minutos, com solos longos e um arranjo fantástico trabalhando muito com a dinâmica da banda (na minha opinião, o auge do Dire Straits). Depois disso, ainda lançaram seu álbum mais famoso, o mega-sucesso "Brothers in Arms", que teve várias músicas tocadas no rádio e na TV, fazendo a banda se tornar uma das maiores do mundo. E, por fim, o disco "On Every Street", se distanciando bastante do estilo mais popular do álbum anterior e trazendo um som mais introspectivo e com arranjos mais elaborados, seguido do álbum ao vivo "On the Night", gravado durante sua última turnê.

Então, Mark Knopfler resolve dissolver a banda, que havia se tornado grande demais, exigindo shows em estádios e turnês muito cansativas, para se lançar numa carreira solo e poder fazer suas coisas num "nível administrável", segundo suas próprias palavras. Uma decisão acertadíssima, tirando a pressão que carregaria por manter o nome Dire Straits e ficando mais livre para se distanciar do rock quando tivesse vontade, podendo trazer influências mais claras de folk e country às suas composições. Toda o trabalho solo de Knopfler é de uma qualidade impressionante. Se por um lado o Dire Straits lançava "pérolas" líndissimas em seus discos em meio a outras músicas que não chamavam tanto a atenção (sim, eu também critico - haha), o trabalho solo dele se mantém num nível mais constante, sempre altíssimo, mesmo que nem sempre traga alguma música com potencial para se tornar um clássico popular como "Sultans of Swing" ou "Brothers in Arms". Já são sete álbuns de estúdio. O último deles (o ótimo "Privateering") é um álbum duplo e foi lançado no ano passado. Pra um artista consagrado lançar um disco duplo aos 63 anos de idade, tem que gostar muito do que faz...

Estou indo para a Europa amanhã, onde terei a oportunidade de ver Mark Knopfler ao vivo pela primeira vez na minha vida. Tenho ingressos pro show de Paris e de Rennes. Depois escrevo sobre isso. Ansiedade total.

Por fim, vou deixar aqui três vídeos. No primeiro deles, Dire Straits na abertura do show "Alchemy", com uma versão impressionante da música "Once Upon a Time in the West", destacando solos lindos de Knopfler. No segundo vídeo, uma gravação amadora do ano passado de "Kingdom of Gold", música de seu disco mais recente. E, por último, uma humilde gravação minha tocando guitarra junto da música "The Trawlerman's Song", na versão do EP "One Take Radio Sessions". Já que não posso tocar com ele de verdade, fiz essa brincadeira aí...

Abraços e até mês que vem!
E.Marcolino








quarta-feira, 12 de junho de 2013

Pat Metheny no Vivo Rio: irretocável

Começo esse texto já sabendo que vai ser difícil. Tinha planejado escrever sobre outras coisas aqui, mas tenho que falar logo desse show. "Irretocável" é pouco, mas faltou achar um adjetivo melhor. Já vi grandes espetáculos que considerei irretocáveis. Vi o U2 dar um show de som e imagem num palco 360 graus no Morumbi. Vi shows fantásticos do Joe Satriani. Vi o gênio Stevie Wonder no Rock in Rio, vi Rush na Apoteose, vi Marillion, vi Eric Clapton... Isso só pra citar alguns exemplos. Mas eu nunca presenciei algo tão impressionante e com um nível de musicalidade tão alto quanto o show do Pat Metheny nesta segunda-feira, no Vivo Rio, pelo BMW Jazz Festival. Sem medo de errar: o melhor show da minha vida!

Não falo tendenciosamente como "fã de carteirinha" (como eu poderia fazer com Knopfler ou Satriani, artistas que de fato conheço bem a fundo e sempre idolatrei). Sou fã do Pat, sim, mas não a ponto de conhecer toda sua obra ou adorar tudo que já ouvi (certamente a partir de agora acompanharei melhor seu trabalho).

Enfim, o show: Pat vem acompanhado de sua "Unity Band", em formato de quarteto, banda com a qual gravou seu último disco e que ganhou um Grammy neste ano. Mas ele não entra no palco com a banda. Chega sozinho e logo de cara pega a "Pikasso Guitar", um violão de 42 cordas feito pra ele que na verdade é algo tipo uma mistura de violão com harpa. O show começa com ele tocando sozinho, já impressionando a plateia, e a banda entra enquanto ele ainda toca o instrumento. Com a banda já tocando junto, se levanta pra pegar a guitarra e logo nas primeira músicas o êxtase é geral. É um improviso atrás do outro, a banda se comunicando quase que telepaticamente, dinâmica descendo e subindo, rítmica absurdamente complexa, chegava a ser assustador... Não dava pra parar de prestar atenção por um segundo. A banda toda é incrível (Chris Potter no sax, Ben Williams no baixo e Antonio Sanchez na bateria) e o Pat ao vivo é literalmente de outro planeta: o domínio harmônico é total, a técnica é impecável, tudo feito sem perder o ritmo. E o mais impressionante: ele desfere milhares de notas sem nunca soar robótico ou excessivamente cerebral (que é algo que me afasta em vários jazzistas). É tudo extremamente musical e melódico, mesmo com a técnica e a harmonia sendo levadas ao limite.

Nem consigo ficar destacando poucos momentos específicos do show, porque foi tudo perfeito e prendeu a atenção do público do começo ao fim. Pat fez duetos com todos os membros da banda (tocando "Insensatez" de Jobim num duo de guitarra e baixo), tocou baladas, deu espaço pra todos os instrumentistas solarem e mostrarem muito talento e, surpreendentemente, levou ao palco também uma parte dos acessórios do seu projeto "Orchestrion" (pra quem não conhece, um trabalho onde ele controla diversos instrumentos diferentes tocados por aparelhos mecânicos através de sua guitarra e de pedais, fazendo "loops"). Com o "mini-Orchestrion" no palco, além da sonoridade incrível de tudo que estava rolando simultaneamente ali, o efeito visual era hipnotizante, com instrumentos que acendiam luzes de acordo com as notas tocadas.

O público não deixava o show acabar e rolaram três "bis". Em um deles, Pat voltou ao palco sozinho e tocou trechos de várias músicas no violão, com um timbre lindo.

O show não cansava, mudava de dinâmica o tempo todo, não deixava ninguém respirar. Além do roteiro que prendia a atenção de forma impressionante, a musicalidade e a técnica eram sobre-humanas. Foram quase 3 horas de música que passaram despercebidas.

Ainda estou sob os efeitos do show. E vai demorar pra passar. Muito genial, muito bonito e muito assustador, pelo nível que esses caras atingiram. Tudo ao mesmo tempo.

Nunca vi nada parecido. E acho difícil que aconteça. Que bom que tive essa oportunidade.
E. Marcolino

PS: Deixo aqui um vídeo que achei no Youtube da música "Are You Going With Me", se não me engano tocada na primeira vez em que a banda voltou ao palco para o bis. Claro que ver um vídeo gravado nessas condições sequer chega perto da emoção transmitida ao vivo, mas vale como recordação.



terça-feira, 21 de maio de 2013

Angie


Costumo acompanhar por alto o American Idol. Geralmente gosto mais de ver os primeiros episódos, que mostram as audições de quem quer entrar no programa, com muita gente bizarra e momentos bem engraçados. É quase humorístico. Dificilmente acompanho o programa em suas fases finais, que apesar de sempre reunir pessoas que cantam muito bem, são poucas as que prendem minha atenção. Mas sempre fico de olho e assisto quando estou de bobeira, até porque o Idol já revelou muita gente boa, como Kelly Clarkson (que sou fã), Casey Abrams, Phillip Phillips, entre outros.

De qualquer forma, são pouquíssimos os participantes que considero "algo mais" do que apenas bons cantores. A maioria deles são pessoas que de fato cantam extremamente bem, às vezes com alcance vocal incrível, mas que em geral não mostram muita originalidade na voz ou algum grande talento com outros instrumentos.

Nesta temporada, surgiu uma menina de 18 anos com uma voz lindíssima, tocando piano (!) e logo numa das primeiras apresentações levou uma música excelente escrita por ela mesma (!!!): Angie Miller. Claramente estava muito acima de qualquer concorrência ali e ganhou minha torcida desde então. Passei a acompanhar os episódios com as apresentações por causa dela. E, infelizmente, o voto dos telespectadores fez com que Angie terminasse o programa em terceiro lugar, ficando de fora da final (que foi disputada por duas ótimas "apenas cantoras" na semana passada).

Mas vencer o Idol não é nenhuma garantia de sucesso. Muitos vencedores ficam no esquecimento e muitos não-vencedores acabam se tornando grandes artistas. E não tenho dúvidas que Angie Miller vai ser um desses casos. Agora é só esperar pra curtir o que ela lançar, porque com certeza absoluta vai ser muito bom.

Deixo aqui o vídeo da apresentação que eu citei (música própria) e, abaixo, uma versão de "Cry Me a River", cantada numa das fases finais do programa, com uma performance vocal incrível.



Talento é isso.
Abraços!
E. Marcolino

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Maldita tecnologia


Antes de me chamarem de saudosista (que eu não sou), o título é só uma brincadeira! Eu adoro inovações tecnológicas. A minha crítica fica por conta das pessoas que não sabem usá-las ou que as usam em excesso, invertendo os valores das coisas.

Falarei de música, então. Eu acho muito ridículo ver atualmente em todos os shows aquele bando de câmera ligada o tempo todo filmando o espetáculo. Não consigo entender. Eu, particularmente, adoro ir a shows (gasto grande parte do meu dinheiro com isso - hahaha). E o que eu acho mais fantástico num show é a oportunidade de ver um artista que gosto tocando ou cantando ao vivo, ali perto, com aquele som alto, feito na hora, que é completamente diferente de escutar uma gravação. É uma coisa de momento que só quem estiver ali vai vivenciar.

Mas hoje em dia, em que qualquer camerazinha ou celular grava vídeos, muita gente parece achar que registrar o que está vendo é mais importante do que aproveitar o momento em si. E aí tem gente que passa o show inteiro se preocupando com filmagens e fotos, vendo tudo através de um visorzinho digital tosco apesar de ter os artistas ali a alguns metros de distância para serem apreciados. E tudo isso pra depois poder "ver de novo" em casa (ou pra mostrar que estava lá), geralmente com som ruim e imagens tremidas. Tem gente que deixa pra gravar a "música favorita". Po, na minha música favorita o que eu menos quero estar fazendo é filmando ou deixando qualquer outra coisa me distrair!

Pra ficar claro, não vejo nada errado em levar uma câmera para um show com o objetivo de bater algumas fotos, ou filmar alguns minutos pra ter de "recordação". O problema é quem passa o tempo todo fazendo isso. E também tem a questão da falta de critério com a qualidade do registro. Quando entro no Youtube pra procurar vídeos de algum show, literalmente tenho que "garimpar" pra achar os que tem áudio decente. Tem gente que faz vídeo com o som completamente estourado, uma barulheira do cacete, e ainda assim tem a cara-de-pau de fazer o upload, como se estivesse bom. É muita falta de noção...

Outra coisa que tem acontecido de ruim na música com a tecnologia dos últimos anos é diminuição da importância dos álbuns por causa dos arquivos MP3 e da conexão de alta velocidade.

Não estou dizendo que não baixo álbuns ou entrando na questão legal da coisa (isso é assunto pra outro dia). Nem estou falando do disco como um produto físico. Mas hoje é muito fácil baixar álbuns completos ou até mesmo a discografia toda de um artista em questão de minutos. Ficou muito "fácil". Então, muita gente não aprecia um álbum como deve ser feito. Ele não é um produto feito para se ouvir uma vez superficialmente e já se formar uma opinião a respeito dele, como muita gente faz. Antigamente, você tinha que comprar um disco e ouvi-lo várias vezes até comprar outro ou esperar que o artista lançasse um trabalho novo. Hoje a galera descobre uma banda, baixa tudo que existe dela e quer ouvir 5 álbuns diferentes no mesmo dia (alguns nem ouvem as músicas inteiras), ao invés de conhecê-la disco a disco. Não percebem os detalhes do som, as características de cada trabalho, não conseguem diferenciar as músicas. Ou então apagam tudo e ficam só com os "hits" pra ouvir no ipod. É uma audição extremamente superficial. Não se "degusta" o som nem se conhece a fundo.

Bom, eu prefiro descobrir 12 álbuns bons num ano e ouvir um por mês com calma, conhecendo todas as músicas e repetindo-os várias vezes, do que ouvir centenas deles e no fim das contas nenhum ter me marcado ou se tornado importante pra mim...

Fui!
E. Marcolino

segunda-feira, 1 de abril de 2013

"Rock of Ages": decepção total


Neste sábado, finalmente aluguei "Rock of Ages", o musical baseado nas bandas de hard rock dos anos 80, lançado ano passado. Como fã confesso do glorioso "hard rock farofa", eu estava há algum tempo na expectativa de assistir ao filme, que se passa em Los Angeles e tenta retratar a música e o ambiente da época.

Enfim, o filme é ruim. Na verdade "ruim" é bondade demais. É péssimo. Dispensável. Tá certo que é um musical, e que faz parte do estilo o enredo clichê, a história óbvia, os diálogos bobos. Beleza. Mas, mesmo levando isso em consideração, o resultado é tosco. Tão tosco que o filme chega a passar a impressão de que foi feito pra ser uma sátira aos musicais (assim como "Todo Mundo em Pânico" está pra filmes de terror ou "Não é Mais um Besteirol Americano" pra comédias). Mas não é (eu acho). Até porque seria uma sátira bem sem graça, se fosse o caso.

Pra começar, os personagens principais (a garota que vem do interior pra ser cantora e o garoto que sonha em ser rockstar) são chatos e não têm carisma. A história, que podia ser facilmente contada num filme curto, se arrasta por quase duas horas sem qualquer coisa pra prender a atenção ou gerar curiosidade. E Tom Cruise conseguiu a proeza de ter feito provavelmente o pior personagem de sua carreira: o roqueiro Jacee Stax, vocalista de uma banda famosa, que vive no seu próprio mundo sem ter noção do que acontece em volta, drogado, bêbado, pegando qualquer mulher que vê pela frente e sem conseguir falar qualquer frase que faça sentido. Outro personagem sem qualquer carisma, que foi feito pra ser engraçado e ficou só irritante.

Pra não dizer que o filme é perda total, a trilha sonora é divertida pros fãs de hard rock. Com um estilo definido, não tinha como errar, né? Tem Whitesnake, Foreigner, Def Leppard, Warrant, Twisted Sister, Journey, Poison, etc. Clássicos do hard farofa e do AOR. Mas vale ressaltar que as músicas são altamente prejudicadas pelas vozes excessivamente "maquiadas" em estúdio, pelas coreografias mal feitas e por alguns "mashups" que não deram certo. Não empolgam.

Resumindo, um filme altamente tosco. Impressiona como consegue ser tão ruim mesmo reunindo ótimos atores (Tom Cruise, Alec Baldwin, Catherine Zeta-Jones). Até mesmo o Russell Brand, já consagrado com papel de roqueiro em outros filmes ("Forgetting Sarah Marshall" e "Get Him to the Greek") fica apagado.

Gosta de hard rock e quer ver um filme desse estilo? Pois esqueça "Rock of Ages" e veja novamente "Rock Star" (aquele com Mark Wahlberg, que tá sempre reprisando na tv). Vale mais a pena, mesmo se você já tiver visto várias vezes.

***

E pra completar a tosqueira do dia, ao terminar de ver o filme, colocamos a tv no Multishow pra ver o que estava rolando no Lollapalooza. Foi assustador: tinha um cara cantando TUDO muito desafinado. Mas não bastava ser desafinado. Era desafinado, em falsete e com a voz falhando. Grotesco! Passei alguns minutos vendo aquilo pra tentar entender do que se tratava, até descobrir que a banda era o Flaming Lips (já havia ouvido falar, nunca havia escutado). Apesar de achar até que tinha algo interessante no instrumental, os poucos minutos que vi já definiram a pior performance vocal que eu ouvi num show "sério". Sinistro...

Abraços!
E. Marcolino

terça-feira, 12 de março de 2013

Sugestões: bandas e artistas da atualidade

Por mais que o papo pessimista e saudosista role solto com clichês do tipo "não se faz música como antigamente", "o rock morreu" e coisas do tipo, a música em geral está mais viva do que nunca. Sim, existe uma grande quantidade de música ruim nas rádios e na TV (olha o hip hop aí, por exemplo). Mas a internet facilitou muito as coisas e deixou tudo mais democrático. Hoje em dia, um artista não precisa do jabá e da "grande mídia" para chegar ao seu público. E só não ouve música nova de qualidade, ou do seu gosto, quem não quer...

Estou sempre correndo atrás de novos sons, principalmente pelo Youtube. E nesse post, resolvi listar alguns artistas que surgiram recentemente (de 10 anos pra cá) e que eu curto, de vários estilos. Fica como recomendação para quem não conhece. E como prova de que música boa não é coisa do passado.

- Mutemath

A primeira da lista se tornou uma das minhas bandas favoritas em tempo recorde. Virei fã deles logo na primeira música que escutei, há alguns meses. Os caras fazem um som difícil de rotular. É rock alternativo, às vezes até meio pop, mas com muitas características do progressivo. Instrumentistas excelentes, muitas convenções, arranjos complexos e muito bem trabalhados. Me chamou tanto a atenção que no mesmo dia que conheci a banda, comprei no iTunes (sim, eu compro!) o álbum ao vivo "Odd Soul - Live in DC". Em poucos dias, já tinha escutado até enjoar. Recomendo fortemente! No vídeo abaixo, uma gravação desse show:



- Gary Clark Jr.

Conheci o som do guitarrista Gary Clark Jr. ao vê-lo abrir o show do Eric Clapton no Rio de Janeiro em 2011. O cara soa como um "Hendrix do século 21". Bom demais. Rock n' roll cru e simples, meio blueseiro, com sons sujos de guitarra e muita pegada. Muito legal pra quem curte a sonoridade dos anos 60 e 70. Além do talento na guitarra, a voz dele combina perfeitamente com o som e ele soa bem até cantando baladas em falsete. Ah, ele vem pro Brasil no fim deste mês, no festival Lollapalooza em São Paulo. Fica a dica. Segue o clipe da música "Bright Lights". Tem vários sons também na página dele no SoundCloud: http://soundcloud.com/garyclarkjr




- Tim Scott

Nem lembro exatamente como conheci esse cara, mas acho que foi pelo MySpace, há uns 3 anos. Tim Scott é um guitarrista britânico que faz uma mistura fantástica de rock instrumental com música eletrônica, num estilo que o próprio chama de "guitar mashing". Virtuosismo, melodias cativantes e timbres lindos de guitarra, tudo com muita criatividade e um jeito muito particular de tocar. Os temas dele grudam na cabeça. Vale a pena conferir no SoundCloud: https://soundcloud.com/acer_records. Abaixo, uma das minhas favoritas: a música "Amy Jane".



- Facção Caipira

No Brasil também tem coisa boa surgindo. E essa banda é da minha terra (Niterói). Bem diferente do que as bandas de rock geralmente fazem por aqui, eles misturam rock n' roll com influências do blues tradicional americano, tendo inclusive um gaitista na sua formação. Destaque pro camarada Jan Santoro (vocal), que toca um violão com slide nervosíssimo. Segue, no vídeo, a música "Blues Brasileiro Foragido Americano". E no canal deles no Youtube também dá pra ouvir, na íntegra, o EP da banda que foi gravado no ano passado.



- Andy McKee

Andy é um violonista americano que se popularizou através do Youtube, principalmente através de um vídeo da música "Drifting", gravado em 2006 e que hoje já contabiliza mais de 45 milhões de visualizações. Ele toca composições instrumentais sozinho, usando seu violão para melodia e harmonia, ao mesmo tempo em que faz dele um instrumento de percussão. A técnica é impressionante e as músicas são realmente bonitas. Tive a oportunidade de vê-lo ao vivo no ano passado, quando veio fazer uma pequena turnê pelo Brasil. Fica como recomendação o álbum "Art of Motion", de 2005. E segue o vídeo que o popularizou:




- ANXTRON

Last but not least, aí está! Minha banda, com orgulho. Tendencioso? Convencido? Talvez. Mas não tenho vergonha de dizer que sou fã. Até porque sou muito crítico com meus trabalhos e não estaria divulgando se não achasse o som realmente bom. Escuto nossas gravações frequentemente e às vezes até esqueço de que faço parte disso. Já são 10 anos cuidando da banda com muito carinho. Pra não deixar só eu falando, segue texto de Claudio Fonzi, dono da loja "Renaissance Discos" e maior produtor de rock progressivo do Rio de Janeiro:
"A banda niteroiense ANXTRON entrou para a história do Rock Progressivo carioca ao abrir para a banda inglesa MARILLION no ano de 2012, onde, além da grande honra em tocar no mesmo palco de um dos maiores ícones do estilo, obtiveram calorosa resposta do público. Executam um Progressivo instrumental autoral de alto nível. Abaixo segue uma das músicas apresentadas naquele glorioso momento." 



Terminei (ufa!). Se você leu até aqui, espero que tenha gostado dos artistas citados. Fique à vontade para comentar e sugerir mais nomes para a lista. Futuramente, vou colocar mais recomendações e escrever mais a fundo sobre o ANXTRON também. Mas agora vou indo porque perdi a noção do tempo escrevendo aqui e preciso dormir. Zzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzzz.

E. Marcolino

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Justin Timberlake e sua música grande


Depois da polêmica declaração "se Pink Floyd e Led Zeppelin podem fazer músicas de 10 minutos, por que eu não posso?", do cantor pop Justin Timberlake (ex-NSync, ex-Disney, ex-namorado-virgem-da-Britney), resolvi ouvir a tal música de 8 minutos de duração que o dito cujo lançou e gerou esse assunto.

Lógico que muitos roqueiros se revoltaram com tal "heresia" mas, antes de ouvir o som, eu tinha achado realmente legal o fato de um cara que sempre viveu na "grande mídia" com uma musiquinha pop totalmente genérica se arriscar com algo diferente, fugindo do padrão. Achei corajoso, até.

Abri o Youtube, procurei a tal música e fui ouvir com a melhor das intenções. Quebrei a cara.

Trata-se de mais uma musiquinha xexelenta da pior espécie de pop da atualidade, no estilo Chris Brown e tosqueiras do tipo. Daquelas que só faltou colocar um rapper no meio pra piorar. Música pobre, sem graça, com vozinha de adolescente sofrendo, igual a tantas outras músicas ruins do mesmo estilo (esse pop romântico brega de cantor de hip hop, que acham que é R&B), mas com um diferencial: dura intermináveis 8 minutos ao invés de 3 ou 4, como deveria ser. Na boa, mais chato que isso, só Jorge Vercillo.

Não, Justin Bieber. Ops, Timberlake (é quase igual). Você, de fato, não pode. Ou pelo menos não deveria.

Obs: não vou colocar o link da música aqui. Quem quiser ouvir, procure no Youtube por sua própria conta e risco.

Abraços!
E. Marcolino

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Cada um no seu estilo


O valor de um trabalho artístico é subjetivo. Na música, isso não é diferente, mas as pessoas costumam confundir gosto pessoal com qualidade. É claro que não dá pra separar completamente as duas coisas, naturalmente vou estar mais propenso a enxergar qualidades em trabalhos que me atraem. Mas temos que tentar fazer um mínimo de distinção entre o "gosto/não gosto" e o "bom/ruim" musicalmente.

Existe uma tendência muito forte de qualificar diferentes estilos musicais como inferiores ou superiores. Acho isso muito errado. O legal da música é a existência de estilos completamente diferentes, cada um com suas características. E dentro de cada um deles existem coisas de maior e menor qualidade.

É comum o jazzista achar que o rock é barulhento e sem valor, ou o roqueiro torcer o nariz pra música pop, ou o cara que se acha culto criticar o axé, o sertanejo e outros estilos populares no Brasil, enquanto exalta "medalhões" da MPB. Chato demais.

Não existem estilos melhores ou piores. Dizer isso é como dizer que, no cinema, drama é melhor que comédia ou aventura é melhor que terror, colocando tudo de um estilo num mesmo saco.

Existem, sim, características diferentes. O jazz e a bossa nova são estilos mais rebuscados. O pop costuma ser mais simples e "dançante". O rock engloba coisa demais e pode ter várias faces, desde suave até agressivo. E por aí vai. E cada um tem um objetivo diferente. Uma canção pop, por ter só 3 ou 4 acordes, não tem valor artístico necessariamente menor do que um jazzista improvisando sobre uma harmonia complexa.

Falta tolerância e auto-crítica de um modo geral. Vejo muito roqueiro tacando pedra nas letras do axé enquanto ouve o Kiss cantando "Eu quero rock and roll a noite toda e festa todo dia". Ou esculachando os versos do pagode romântico e achando lindo quando o Bon Jovi canta "Eu vou te amar, baby, para sempre" ("Always"). Galera do rock progressivo diz que tem bandinha ruim que só toca 3 acordes e fica babando o Pink Floyd fazendo 2 acordes durante intermináveis minutos. Não estou criticando os artistas em questão (só citei bandas que eu adoro!), mas mostrando a incoerência dos argumentos.

Claro que muita gente tem um gosto superficial e ouve apenas o que toca nas rádios, na TV e nas festas, menosprezando o resto. Mas isso sempre vai existir. E são pessoas que em geral não fazem muito juízo de qualidade. Por isso surgem coisas bizarras fazendo sucesso, como Restart, Fiuk e outras aberrações empurradas pela mídia. Mas o fato de fazer sucesso ou estar na mídia não significa ser ruim, como muita gente pseudoculta pensa. Mesmo nessa nova safra do sertanejo, no pagode ou no axé, que são amplamente criticados no Brasil, existem muitos artistas talentosos.

Se alguém responde a pergunta "que tipo de música você gosta?" com a frase "eu gosto de música boa", pode apostar que ela não entende muito de música. Chega a ser ridícula essa resposta.

Eu gosto, a grosso modo, de vários gêneros do rock (principalmente blues-rock, progressivo e hard rock), além de várias coisas no blues e no jazz. Gosto de alguns artistas na música pop também. Mas não deixo de reconhecer o valor que existe em muitos nomes da música erudita, do heavy metal, do axé, etc.

Isso não quer dizer que existe beleza em tudo e que, por ser subjetivo, um trabalho musical não pode ser criticado. Pode sim, e deve. Mas isso tem que ser feito sem levar em conta a preferência de estilo. Deixem o roqueiro criticar o rock, o sambista criticar o samba, etc. E cada um fica na sua.

No fim das contas, o importante é a emoção que a música passa.

Fui.
E. Marcolino

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Ressuscitando o blog

Depois de bastante tempo sem usar essa página aqui, voltei! E voltei pra escrever sobre o que eu estiver a fim, só porque eu gosto de escrever às vezes (e porque minha namorada sugeriu e eu obedeci, mas deixa quieto). Claro que o principal assunto vai ser música e guitarra. Mas se der vontade de falar sobre futebol e sobre o meu Mengão, também tá valendo. Ou sobre filmes. Ou piadas. Ou filosofia (não, to zoando, filosofia não).

Enfim, quem se interessar, entre aqui de vez em quando! Não vou me obrigar a escrever todo dia, toda semana, ou algo do tipo. Vai ser quando eu achar que vale a pena. Sugestões de assuntos são bem vindas. E comentários também. Valem elogios e críticas. Os elogios eu aceito e as críticas eu ignoro. É meu blog, afinal. =)

Esse primeiro post é um post sobre nada, ou quase isso. Mas foi só pra tirar a teia de aranha daqui.

Como diria Chapolin Colorado, "sigam-me os bons"!
E. Marcolino