sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Pablo Capilé, "mídia ninja", Fora do Eixo e etc. - os assuntos do momento

Quem me conhece sabe que eu sempre tive o pé atrás em relação a essa onda de manifestações que fez surgir líderes nacionais recentemente, como o grupo de hackers "Anonymous Brasil" (que paga de moralista, mas se esconde atrás de máscaras) e a tal da "mídia ninja", que supostamente traz a proposta de mostrar o que "a grande mídia não mostra", vendendo a idéia de que tudo é manipulado e blábláblá.

Sem entrar no mérito desta discussão, não me surpreendi ao descobrir que o maior nome por trás da tal "mídia ninja" é Pablo Capilé, uma figura esdrúxula que também administra o grupo Fora do Eixo, um coletivo cultural que cresceu muito nos últimos anos, principalmente no meio musical, entre as bandas independentes. E nos últimos dias ele ficou mais famoso que nunca, participando até do "Roda Viva" na TV Cultura e saindo em diversas notícias por aí. Já havia visto uma entrevista dele há alguns anos, onde ele falava sobre o movimento cultural, e achei de uma boçalidade só, com argumentos muito rasos.

Pois bem, ouvi falar do Fora do Eixo pela primeira vez há alguns anos e a princípio me pareceu um projeto bem legal, um meio de contato entre artistas e produtores independentes que teria como objetivo movimentar a cena cultural do país. Mas logo vi o movimento crescer muito e sempre estranhei o fato de acontecerem eventos grandiosos em diversas partes do Brasil, mas com o grupo pagando de "independente" e "alternativo". As bandas em geral não ganhavam quase nada, mas faziam as apresentações em troca de visibilidade e novos contatos. E quem mais crescia não eram as bandas, e sim a marca "Fora do Eixo", que estampava seu selo em todas as notícias de eventos culturais que apoiavam. Nunca entendi muito bem a lógica disso, visto que deveria ser algo pra priorizar os artistas, e não o nome do coletivo. E entendia menos ainda como isso tudo era bancado. Mas agora tudo ficou claro: dinheiro público.

Não podia ser diferente. Num país que tem coisas bizarras como a Lei Rouanet, que vira e mexe permite que artistas mais do que consagrados (e ricos) ganhem quantias grotescas para bancar projetos (quem não se lembra do blog milionário da Maria Bethânia??), fica fácil para um grupo correr atrás de recursos com o argumento de "fomentar a cultura nacional". E agora, com o tal do Capilé "na mira da mídia" por causa dos seus trabalhos ninjas, as histórias vão aparecendo e a máscara vai caindo.

Uma cineasta chamada Beatriz Seigner fez um texto muito bem escrito no Facebook que confirmou várias coisas que antes eu suspeitava. O objetivo do grupo claramente é ganhar dinheiro e poder político, nada de ajudar os artistas, que são apenas um meio pra isso. Até compartilhei o texto. Recomendo a todos que leiam, aqui está: https://www.facebook.com/emarcolino/posts/10152136237847468

E vale a pena ler essas notícias também:
http://veja.abril.com.br/noticia/celebridades/artistas-acusam-grupo-base-da-midia-ninja-de-crimes-culturais-e-exploracao-de-mao-de-obra
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/o-que-revela-a-planilha-de-projetos-do-fora-do-eixo-que-comanda-a-midia-ninja-ou-ministerio-da-cultura-e-cartorio-da-turma-a-generosidade-de-minas-e-a-bondade-d/

"Ah, mas a Veja não é imparcial, mimimimi". Nem me venham com uma resposta dessa. Nenhuma mídia é imparcial e isenta de opiniões pessoais. Nem a ninja. Nem este blog. =)

Que fique claro: conheço de perto bandas que já participaram de vários eventos do Fora do Eixo e acredito que o coletivo tenha ajudado alguns artistas sim. Não nego isso e nem acho que quem se beneficiou está errado, pois aproveitou a oportunidade. Mas cada vez mais tenho certeza de que todos são "fantoches" num projeto muito maior. E a cultura não é o objetivo não...

Fico por aqui.
E. Marcolino

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