terça-feira, 22 de outubro de 2013

"Defendendo" David Coverdale

Texto de fã. Lógico. Além do Whitesnake ser uma das bandas que mais gosto (tá no meu top 5 sem dúvidas) e que eu admiro por diversos motivos, Coverdale é meu vocalista favorito. Mas tento escrever separando as coisas e sendo racional, apesar de isso ser sempre impossível de fazer por completo.

Nessa semana em que o Whitesnake passou pelo Brasil junto com o Aerosmith (e que tive o imenso prazer de vê-los na Apoteose na 6a feira), choveram comentários nas redes sociais sobre os shows, principalmente porque os shows de São Paulo foram transmitidos pela internet e pela TV. E aí todo mundo quer dar pitaco, dizer quem tá bem, quem tá mal, quem é fodão e quem já morreu. Parece que vira competição e que não existe meio termo.

E a maioria de comentários que li sobre Coverdale foram pejorativos. Coisas do tipo "a voz acabou", "não é mais o mesmo", "passou vergonha", tudo potencializado ainda mais pela performance de Steven Tyler, que apesar da idade não teve qualquer alteração no seu timbre ou alcance vocal.

Se por um lado Coverdale não é um milagre da natureza como Tyler (que parece não sentir em nada o passar das décadas), por outro ele soube envelhecer muito bem e adaptar seu estilo pra continuar dando show até hoje, apesar dos mais de 60 anos de idade. Normal essa mudança, seja pelo envelhecimento natural do ser humano ou por ter abusado demais dos cordas vocais nos anos 80.

Dizer "a voz dele não é mais a mesma" é chover no molhado, po. Esse comentário é típico de quem parou no tempo ou que não conhece nada do trabalho do Whitesnake desde 1989. A voz dele não é mais "a mesma"?? Claro que não! E não é a mesma há mais de 20 anos! O próprio Coverdale sabe disso mais do que todos nós. Não é à toa que ele vem mudando seu jeito de cantar desde "Restless Heart", o único álbum de estúdio lançado pelo Whitesnake nos anos 90, após a fase de mega-sucesso da banda.

Mudar a tonalidade das músicas antigas para não soar esganiçado e desafinado, poupar a voz em alguns versos durante o show, modificar linhas melódicas... Isso tudo são recursos de um artista que se mantém na ativa e se preocupa em fazer bonito. Muito mais digno do que dar uma de Axl Rose, que também não tem "a mesma" voz há tempos e teima em tentar cantar como no auge, pagando mico diversas vezes. Ou então como Edu Falaschi (ex-Angra) e tantos outros vocalista de heavy metal que nem têm muita idade mas tentam cantar o que não conseguem.

Enfim, a voz de Coverdale continua sendo uma das pérolas do mundo do rock. Hoje é mais rouca, mais grave, mas não menos bonita. Quem vem acompanhando o trabalho da banda, que de 5 anos pra cá trouxe excelentes músicas como "Can You Hear the Wind Blow", "All I Want All I Need", "Forevermore" e "Love Will Set You Free" (pra citar algumas), sabe o que esperar de um show do Whitesnake e não se decepciona. Mas quem vai ouvir um cara de mais de 60 anos esperando a mesma voz de 30 anos atrás, que claramente necessitava de grande esforço já naquela época, aí é muita falta de noção...

Deixo aqui um vídeo que achei da música "Forevermore" (faixa título do álbum mais recente da banda) sendo tocada ao vivo e gravada da platéia num show em New York. Nada de DVD pra não falarem de voz regravada, overdubs, afinação eletrônica, etc. Som de verdade. E vejam o agudo que rola mais ou menos aos 6 minutos. Sensacional!


Abraços!
E. Marcolino

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